domingo, janeiro 20, 2008

Alemanha, uma país esquisito

Depois de estar 40 dias cruzando a Alemanha de norte a sul e de leste a oeste, temos que manifestar alguma das nossas estranhezas: os alemães são um povo muito estranho. Não queremos gente assim no Rio e em São Paulo para tolher o nosso cotidiano animado e esperto.

Listamos a seguir atitudes escandalosas e deformadoras que eles adotam:

  • Os metrôs da Alemanha não têm catraca; se você quiser você compra o bilhete, mas não há ninguém a quem possa mostrá-lo. Ninguém se interessa por isso, se você comprou ou não o bilhete: vê se pode…

  • As bicicletas ficam soltas nas ruas, com cadeado, mas sem estarem amarradas a nada. E eles ainda construíram um monte de ciclovias em que só bicicletas trafegam.

  • Incrível: os alemães param nos sinais vermelhos a qualquer hora, mesmo de madrugada, quando não há qualquer carro vindo com o sinal favorável a ele.

  • Pedestre nenhum atravessa uma rua enquanto o sinal não ficar verde para ele. Ficam ali, de bobeira, enquanto o mundo roda.

  • Não há limite de velocidade nas estradas (apenas uma recomendação para não ultrapassar 130 km/h). Ah, e desperdiçam cimento, porque as estradas têm 70 cm de espessura de puro concreto.

  • E tem mais: nelas, todos os carros andam na pista da direita, e as à esquerda ficam livres para os carros mais apressados. Um espanto de desperdício.

  • Neste país esquisito, os caras têm mania de estudar. Para se adquirir a carteira de motorista passa-se quatro anos numa escola, que, para os jovens, é parte do colégio.

  • O governo que essa gente elege não cobra pedágio e está sempre fazendo obras nas suas estradas ociosas, modernizando-a mais ainda, não se sabe para quê, nem com que dinheiro.

  • A periferia de todas as grandes cidades são desperdiçadas com jardins e florestas improdutivas, ao invés de destiná-las a usos mais racionais, como lixões, por exemplo.

  • Os caras fabricam uns carrões, tipo Mercedes, BMW, Audi, etc, e ainda importam uns Rolls-Royce, Bentley, Ferrari, etc, não blindam nenhum deles e ainda os deixam nas ruas à noite. Tem malucos cujos carros, conversíveis, ficam ali, em qualquer lugar – exceto sobre calçadas, não sei por quê –, estacionados de capota recolhida…

  • Essa é incrível: os caixas automáticos dos bancos ficam nas calçadas! Sem ninguém tomando conta, e funcionam dia e noite. E entra dia, sai dia, nenhuma desaparece.

  • A gente saía à meia-noite para passear na praça e não via nenhum assalto para quebrar a monotonia.

  • O que de repente desaparece nas cidades são os carros. Eles vêm vindo, vêm vindo, e, de repente, no meio do quarteirão, eles dobram à direita e somem. Disseram-me que somem em edifícios-garagem ou em garagens subterrâneas.

  • Os jornais do dia ficam empilhados ao lado de uma caixinha com uns dinheiros… Você acredita: o cara vai lá, pega um jornal e põe mais dinheiro na caixinha. E ninguém só pega o jornal nem ninguém leva a caixinha.

Que gente esquisita! Ainda bem que a excursão acabou e estamos voltando para a nossa civilização.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Sentar ao lado de um negro?

Uma mulher branca, de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar na classe econômica e viu que estava ao lado de um passageiro negro.

Visivelmente perturbada, chamou a comissária de bordo.

— Qual o problema, senhora? — pergunta uma comissária.

— Não está vendo? — respondeu a senhora — vocês me colocaram ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Você precisa me dar outra cadeira.

— Por favor, acalme-se — disse a aeromoça — infelizmente, todos os lugares estão ocupados. Porém, vou ver se ainda temos algum disponível.

A comissária se afasta e volta alguns minutos depois.

— Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre na classe econômica. Falei com o comandante e ele confirmou que não temos mais nenhum lugar nem mesmo na classe executiva. Temos apenas um lugar na primeira classe.

E antes que a mulher fizesse algum comentário, a comissária continua:

— Veja, é incomum que a nossa companhia permita à um passageiro da classe econômica se assentar na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa desagradável.

E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:

— Portanto, senhor, caso queira, por favor, pegue a sua bagagem de mão, pois reservamos para o senhor um lugar na primeira classe…

E todos os passageiros próximos, que, estupefatos, assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Al Qaeda queria explodir Cristo Redentor

Documentos mantidos em sigilo pela Polícia Federal do Brasil revelam que a Al Qaeda, de Osama bin Laden, ordenou a execução de um atentado no Brasil.

O alvo da ação seria a estátua do Cristo Redentor, um dos símbolos mais conhecidos do Rio de Janeiro. Bin Laden destacou dois mujahedins para o seqüestro de um avião que seria lançado contra a “estátua-símbolo dos infiéis cristãos”.

Hora a hora, a frustração… Os registros da Polícia Federal dão conta de que os dois terroristas chegaram ao Rio no domingo, 5 de setembro, às 21h47m, num vôo da Air France.

A missão começou a sofrer embaraços já no desembarque, quando a bagagem dos muçulmanos foi extraviada, seguindo num vôo para o Paraguai.

Após quase seis horas de peregrinação por diversos guichês e dificuldade de comunicação em virtude do inglês ruim, os dois saem do aeroporto, aconselhados por funcionários da Infraero a voltar no dia seguinte, com intérprete.

Os dois terroristas apanharam um táxi pirata na saída do aeroporto. O motorista, percebendo que eram estrangeiros, rodou duas horas dando voltas pela cidade, até abandoná-los em lugar ermo da Baixada Fluminense.

No trajeto, ele parou o carro e três cúmplices os assaltaram e espancaram.

Eles conseguiram ficar com alguns dólares que tinham escondido em cintos próprios para transportar dinheiro e pegaram carona num caminhão que entregava gás.

Na segunda-feira, às 7h33m, graças ao treinamento de guerrilha no Afeganistão, os dois terroristas conseguem chegar a um hotel de Copacabana.

Alugaram então um carro e voltaram ao aeroporto, determinados a seqüestrar logo um avião e jogá-lo bem no meio do Cristo Redentor.

Enfrentam um congestionamento monstro por causa de uma manifestação de estudantes e professores em greve e ficaram três horas parados na Avenida Brasil, altura de Manguinhos, onde seus relógios são roubados em um arrastão.

Às 12h30m, resolvem ir para o centro da cidade e procuram uma casa de câmbio para trocar o pouco que sobrou de dólares. Recebem notas de R$ 100 falsas, dessas que são feitas grosseiramente a partir de notas de R$ 1.

Por fim, às 15h45m chegam ao Tom Jobim para seqüestrar um avião. Os pilotos da Varig estão em greve por mais salário e menos trabalho.

Os controladores de vôo também pararam (querem equiparação com os pilotos). O único avião na pista é da Transbrasil, mas está sem combustível. Foi fretado pela Soletur.

Aeroviários e passageiros estão acantonados no saguão do aeroporto, tocando pagode e gritando slogans contra o governo.

O Batalhão de Choque da PM chega batendo em todos, inclusive nos terroristas.

Os árabes são conduzidos à delegacia da Polícia Federal no aeroporto, acusados de tráfico de drogas, em face de flagrante forjado pelos policiais, que “plantaram” papelotes de cocaína nos bolsos dos dois.

Às 18 horas, aproveitando o resgate de presos feito por um esquadrão de bandidos do Comando Vermelho, eles conseguem fugir da delegacia em meio à confusão e ao tiroteio.

Às 19h05m, os muçulmanos, ainda ensangüentados, se dirigem ao balcão da Vasp para comprar as passagens.

Mas o funcionário que lhes vende os bilhetes omite a informação de que os vôos da companhia estão suspensos por tempo determinado. Assim como as aeronaves.

Eles, então, discutem entre si: começam a ficar em dúvida se destruir o Rio de Janeiro, no fim das contas, é um ato terrorista ou uma obra de caridade.

Às 23h30m, sujos, doloridos e mortos de fome, decidem comer alguma coisa no restaurante do aeroporto.

Pedem sanduíches de churrasquinho com queijo de coalho e limonadas.

Só na terça-feira, às 4h35m, conseguem se recuperar da intoxicação alimentar de proporções eqüinas, decorrente da ingestão de carne estragada usada nos sanduíches.

Foram levados para o Hospital Miguel Couto, depois de terem esperado três horas para que o socorro chegasse e percorresse os hospitais da rede pública até encontrar vaga. No HMC foram atendidos por uma enfermeira feia, grossa, gorda e mal-humorada.

Eles teriam de esperar dois dias para serem examinados, se não fosse pelo cólera causado pela limonada feita com água contaminada por coliformes fecais. Debilitados, só terão alta hospitalar no domingo.

Domingo, 18h20h: os homens de bin Laden saem do hospital e chegam perto do estádio do Maracanã.

O Flamengo acabara de perder para o Paraná Clube, por 6x0.

A torcida rubro-negra confunde os terroristas com integrantes da galera adversária (que havia ido de Kombi ao Rio) e lhes dá uma surra sem precedentes.

O chefe da torcida é um tal de “Pé de Mesa”, que abusa sexualmente deles.

Às 19h45m, finalmente, são deixados em paz, com dores terríveis pelo corpo, em especial na área proctológica.

Ao verem uma barraca de venda de bebida nas proximidades, decidem se embriagar uma vez na vida (mesmo que seja pecado, Alá que se foda!).

Tomam cachaça adulterada com metanol e precisam voltar ao Miguel Couto.

Os médicos também diagnosticam gonorréia no rabo inchado (Pé de Mesa não perdoa!).

Segunda-feira, 23h42m: os dois terroristas fogem do Rio escondidos na traseira de um caminhão de eletrodomésticos, assaltado horas depois, na Serra das Araras.

Desnorteados, famintos, sem poder andar e sentar, eles são levados pela van de uma ONG ligada a direitos humanos para São Paulo.

Viajam deitados de lado. Na capital paulista, perambulam o dia todo à cata de comida.

Cansados, acabam adormecendo debaixo da marquise de uma loja no centro.

A Polícia Federal ainda não revelou o hospital onde os dois foram internados em estado grave, depois de espancados quase até a morte por um grupo de mata-mendigos.

O porta-voz da PF declarou que, depois que os dois saírem da UTI, serão recolhidos no setor de imigrantes ilegais, em Brasília, onde permanecerão até o Ministério da Justiça autorizar a deportação dos dois infelizes, se tiver verba, é claro.

Os dois ficaram tão apavorados com o Brasil que só pensam em ir embora, mas falaram em arrumar um convênio para mandar o pessoal da Al Qaeda, treinar aqui!

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Diálogo entre um pai bambi e um filho bambi

Filho
Pai, por que o senhor sempre diz que tenho que ser são-paulino?

Pai
Porque o São Paulo é o melhor time do mundo. É o tricolor!

Filho
Mas ele não foi rebaixado para a segunda divisão do campeonato paulista de 1990 e tiveram que fazer uma manobra para trazê-lo de volta?

Pai
É verdade. Mas isso só aconteceu por causa de uma trapalhada da Federação Paulista, e, além do mais, já faz muito tempo.

Filho
Mas em 1990 ele também não perdeu o título brasileiro pro Corinthians?

Pai
É, meu filho, perdeu. Mas eram outros tempos, aquele time estava sendo formado, o Corinthians tinha Ronaldo, Neto, o estádio todo a favor. Deixa pra lá.

Filho
Mas, pai, o Morumbi não é o estádio do São Paulo? Então como é que tinha mais corintiano?

Pai
Eles estavam empolgados porque não acreditavam naquele time e de repente foram pra final. É isso!

Filho
Mas, pai, dos dez maiores públicos da história do Morumbi, 6 são do Corinthians, sendo que o recorde absoluto com mais de 145 mil pessoas em 1977 também é dele. O dono do estádio não deveria ter esses recordes?

Pai
Tá, filhão, tudo bem, a torcida deles é maior que a nossa, vai muito mais ao estádio, e daí? Isso não ganha jogo.

Filho
Mas, então por que nos confrontos diretos o placar está em 105 vitórias do Corinthians contra 86 do São Paulo?

Pai
#$%&, filho. Isso é porque eles deram muita sorte contra a gente. Não mereciam ganhar metade desses jogos. O que importa é que temos mais mundiais que eles.

Filho
Mas, pai, minha professora de geografia me ensinou que o mundo tem 5 continentes: América, Ásia, Oceania, Europa e África. Se a final era entre um time da América do Sul contra um europeu, pode ser chamado de mundial? Na Europa eles chamam isso de “Torneio Intercontinental”. Um continente e meio é mundo, pai?

Pai
Não interessa! Isso vale muito mais do que aquele torneio de verão que o Corinthians ganhou.

Filho
Mas aquele torneio de verão teve os campeões dos 5 continentes, mais o campeão do país sede, que, por acaso, era o Brasil e que, por acaso, tinha o Corinthians como bicampeão nacional. Além disso, tinha a chancela da FIFA, enquanto o do Japão só tinha o da montadora de veículos, não é mesmo? Então está 1 a 1 em títulos mundiais não é, pai?

Pai
Cê tá de sacanagem, né, filho?! Que conversa é essa?

Filho
Sabia que a Copa Toyota nem existe mais, pai? Se era tão boa, por que acabou?

Pai
É que agora a FIFA resolveu fazer um mundial oficial dela, com representantes de todos os continentes.

Filho
Ah, entendi. Como aquele de 2000, né, pai?

Pai
AAAAAIIIIIIII, que raaaaaaaaaaiva! É, filho, como aquele de 2000.

Filho
Pai, por que a copa Toyota era transmitida para cerca de 30 países com audiência estimada em 400 milhões de pessoas e o Mundial de 2000 foi transmitido para 63 países com audiência superior a 1,5 bilhão?

Pai
Não sei, moleque. Pára de fazer pergunta cretina!

Filho
É cretinice perguntar por que a maior audiência da história do SBT foi a final da Copa do Brasil de 95, vencida pelo Corinthians, com 45 pontos de audiência, a maior audiência da história da Band foi a final do mundial da FIFA de 2000, vencido pelo Corinthians, com 53 pontos de audiência, e dos últimos 20 recordes de audiência esportiva da rede Globo 11 são do Corinthians?

Pai
#$%&, moleque! O que é isso? Resolveu pegar no meu pé agora?

Filho
Claro que não, pai. Mas, não importa. Vamos falar de grandes personalidades do mundo, afinal estou vendo que o senhor já está ficando estressado. A maior cantora do Brasil de todos os tempos, Elis Regina, essa era são-paulina, né, pai?

Pai
Não! Corintiana.

Filho
Tudo bem, mas o maior ídolo do esporte brasileiro de todos os tempos, Ayrton Senna, esse era campeão, tinha que ser são-paulino, não é mesmo?

Pai
Não! Corintiano.

Filho
Beleza, pai. Não estressa! Vamos sair do esporte. O homem mais rico do Brasil, o maior empresário que existe no país, Antonio Ermírio de Moraes, esse sim é tricolor, não é?

Pai
Não! Corintiano.

Filho
#$%&, pai. Tá ficando difícil. Vamos mudar de novo. O presidente da república, o homem mais importante da nação. Esse só pode ser tricolor.

Pai
Não! Corintiano.

Filho
E o anterior a ele, o Fernando Henrique, esse sim, hein, Pai?

Pai
Não! Corintiano.

Filho
Mas o outro antes dele era, né, pai? O Itamar.

Pai
Não! Corintiano também.

Filho
Caramba, pai! Assim não tem jeito. Vamos mudar de sexo, então. Vamos falar das mulheres. A grande Marta, melhor jogadora do mundo do futebol feminino, a Hortência, maior jogadora de todos os tempos do basquete, a Dayane dos Santos, maior ginasta do país, pelo menos uma delas é são-paulina, não é mesmo?

Pai
Não! Todas corintianas!

Filho
Tá de sacanagem, né, Pai?! Ninguém importante é são-paulino?

Pai
Claro que sim... tem sim. Aquele... o grande, o internacionalmente conhecido vocalista do Ira, o Nasi!

Pai
Chega, moleque! Assim não dá! O que mais você quer saber? Já cansei dessas perguntas irritantes.

Filho
Tá bom, pai, acho que exagerei. Vamos fazer o seguinte, me leva pro Morumbi, vamos ver um jogo do tricolor.

Pai
Não dá!

Filho
Por que, pai?

Pai
Porque não temos carro.

Filho
Tudo bem, vamos de metrô!

Pai
Não passa lá.

Filho
Tá, então vamos de ônibus.

Pai
Só pegando dois e ainda corremos o risco de não ter pra volta por causa do horário.

Filho
Caramba, pai. De que vale ter um estádio grande se a gente não pode ir pra lá numa quarta-feira à noite? O Pacaembu é alugado, mas a torcida do Corinthians pode ir. Será que é por isso que toda quarta-feira eles jogam pra 20, 30 mil pessoas enquanto o São Paulo joga pra 3 mil?

Pai
(respira fundo e conta até mil)

Filho
Calma, paizinho, não fique nervoso. Sempre somos melhores em alguma coisa. Pelo menos somos chamados de bambis enquanto eles são chamados de gambás. Bambi é um bicho forte, valente, perigoso, voraz, não é pai?

Pai
(chorando) Nããããooo, seu desgraçado! Não é! É um personagem de Walt Disney. Tá satisfeito agora, seu bobo? !!!

Filho
Chega, pai! Assim não dá. Eles tem mais torcida, mandam no nosso estádio, tem mais vitórias em cima da gente, tem mais torcedores ilustres, jogam em um estádio bem localizado, tem apelido macho, enquanto somos chamados de bambis, dão mais audiência na TV e o senhor ainda quer que eu seja são-paulino, pai?

Pai
(silêncio sem fim)

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Conversa entre pai e filho corintianos

Filho
Pai, por que o senhor sempre fala que eu tenho que ser corintiano?

Pai
Porque o Corinthians é o melhor time do mundo filho. É o Timão!

Filho
Mas o Corinthians não foi rebaixado para a segunda divisão? E o apelido Timão não é porque no símbolo do Corinthians tem um timão de navio?

Pai
Bem, é verdade. Mas nós só fomos rebaixados por causa de uma parceria com um fundo de investimentos chamado MSI que desgraçou o Corinthians.

Filho
Mas não foi essa MSI que comprou o Tevez, o STJD e o Márcio Rezende de Freitas para garantir o título nacional de 2005, que na verdade foi conquistado pelo Internacional?

Pai
Foi, mas depois… Ah, isso não importa filho. Nós somos a maior torcida de São Paulo e a segunda maior do Brasil.

Filho
Isso é legal né pai!? Mas a Índia e a China são os países mais populosos do mundo e nunca ganharam uma Copa e a Itália, que é um país pequeno e com menos torcida, já tem quatro mundiais não é!?

Pai
É filho, tá certo porra!!!

Filho
Calma pai, o senhor está bravo só porque o Corinthians não é nada disso que o senhor pensava?

Pai
Pára com isso filho! Nós já fomos campeões mundiais!!!

Filho
Sério Pai!? Quando?

Pai
Em 2000.

Filho
Que legal, então nós também ganhamos a Libertadores em 99?

Pai
Não, na verdade quem ganhou a Libertadores em 99 foi o Palmeiras. Você não sabe que nós nunca ganhamos uma Libertadores em mais de 90 anos de história!?

Filho
Ué, então porque o Corinthians jogou esse mundial em 2000?

Pai
Ah! É que fomos convidados para jogar porque ganhamos o Brasileirão em 98 e tínhamos o apoio de um grupo de investidores estrangeiros que precisava colocar o Corinthians lá. O Vasco ganhou a Libertadores de 98 e também foi chamado.

Filho
Entendi. Então na Europa chamaram o campeão da Liga dos Campeões da UEFA de 98?

Pai
Sim, mas também chamaram o Manchester, que venceu a Liga em 99.

Filho
Então por que não chamaram o Palmeiras? Porque o campeão sul-americano de 99 não foi e o Corinthians que nunca passou de uma semi de Libertadores foi?

Pai
Não sei filho, mas que merda!!!

Filho
Então esse torneio não foi sério. Não teve critério para as escolhas dos clubes! Mas o Corinthians ganhou do Manchester e do Real Madrid, né pai?

Pai
Não. Na verdade ganhamos do perigoso Raja Casablanca com um gol roubado em que a bola não entrou, empatamos com o Real Madrid, no Morumbi, graças ao Anelka que perdeu um pênalti e depois “goleamos” o poderoso Al Nasser por dois a zero.

Filho
E na final ganhamos de quem?

Pai
Na verdade, não ganhamos. Empatamos com o Vasco por zero a zero no Maracanã e o “título” veio nos pênaltis.

Filho
Quem foi o herói corintiano que fez o gol do título?

Pai
Ninguém. Na verdade o Edmundo chutou pra fora e nós ganhamos.

Filho
Mas nesse ano comemoramos 30 anos do título de 77. Que campeonato foi esse tão importante?

Pai
Foi o Campeonato Paulista. Saímos de uma fila de 22 anos sem título com gol de Basílio contra a “fantástica Ponte Preta”.

Filho
Ah, sei. Mas não foi nesse jogo que o Rui Rei, artilheiro da Ponte, se vendeu e foi expulso logo no começo do jogo só pra não fazer gols e assim ajudar o Corinthians?

Pai
Foi seu filho da puta, mas e daí!?

Filho
Mas pai. Esse ano o São Paulo completou 30 anos do primeiro título brasileiro que conquistou e ao invés de festa e camiseta comemorativa, ganhou mais um e agora eles são penta.

Pai
Foda-se filho! Eles são bambis!!!!

Filho
São pai? Mas eles me dizem que são penta brasileiro, tri da Libertadores e tri mundial. É verdade?

Pai
É verdade filho! (de cabeça baixa)

Filho
É verdade também que se não fosse um tal de Grafite, atacante do São Paulo, nós teríamos sido rebaixados também no Paulistão?

Pai
Você não quer falar de Fórmula 1!?

Filho
Tá bom pai. Mas o Rubinho não é corintiano?

Pai
Puta que pariu moleque! É, caralho!

Filho
Vixe pai!!! O Rubinho é corintiano e o melhor piloto brasileiro da atualidade, o Felipe Massa, é são-paulino. Vamos falar de futebol mesmo vai.

Pai
Calma lá!!! Mas o Senna era corintiano filhão!!

Filho
Eu sei pai. Já me falaram isso. E me contaram que como corintiano ele não agüentou. Em 93 viu o São Paulo conquistar o bi mundial e o Palmeiras sair da fila em cima do Corinthians, aí percebeu que não adiantava torcer pra esse time e enfiou o carro no muro.

Pai
(apenas suspira)

Filho
Calma paizinho. Vamos passear, me leva no estádio do Corinthians.

Pai
(chorando) Não temos estádio, porra! Temos uma chácara que apelidamos de fazendinha e que é menor do que qualquer ginásio da NBA.

Filho
(puto da vida) Chega pai! Assim não dá. Não temos estádio, não temos time, nosso título mais comemorado é um paulistão roubado, o nosso quarto título brasileiro foi mais roubado ainda, somos o único clube grande (grande???) da capital paulista que não tem Libertadores, a nossa torcida é a segunda do país e de nada adiantou, torcida do São Caetano é mil vezes menor e já viu o time numa final de Libertadores, nosso título mundial é uma fraude, o maior ídolo da nossa torcida no século XXI é argentino e nós estamos na segunda divisão, e você ainda quer que eu seja corintiano. Você é um fanfarrão, pai!!!

Pai
(um minuto de silêncio).

Filho
Posso fazer só mais uma pergunta pai?

Pai
Pode filho!!! (enquanto seca as lágrimas)

Filho
Pra que time torce o presidente Lula?

Pai
Corinthians meu Deus!!! Corinthians!!!

Filho
Mãe pode ficar tranquila, se o pai sabe de tudo isso e ainda torce pro Corinthians é porque ele gosta de ser enganado e nem desconfia que eu sou filho do vizinho.

terça-feira, janeiro 08, 2008

Vida de drogado

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de experimenta, depois quando você quiser é só parar… e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de “raiz”, da terra, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho & Xororó e em seguida um do Leandro & Leonardo. Achei legal, uma coisa bem brasileira.

Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei comprando pela primeira vez.

Lembro que cheguei na loja e pedi:

— Me dá um CD do Zezé di Camargo & Luciano.

Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa leve… Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo foi me oferecendo coisas piores… É o Tchan, Companhia do Pagode e muito mais.

Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um CD do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, razão do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava por ela, vivia por ela!

Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais... Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa.

Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu outra entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados.

Lembro-me de um dia quando entrei nas Lojas Americanas e pedi a coletânea As melhores do Molejo. Foi terrível! Eu já não pensava mais!!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada.

Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar popozudas, bondes, tigres, MC Serginho, Lacraias, motinhas e tapinhas.

Comecei a ter delírio e a dizer coisas sem sentido e quando saía à noite para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me mostrar o caminho das pedras… Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: Ki-Kokolexo.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro doses cavalares de MPB, bossa-nova, rock progressivo e blues.

Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao jazz, e até mesmo a Mozart, Beethoven e Bach.

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro.

Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante.

Vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:

  • Não ligue a TV no domingo à tarde;

  • Não entre em carros com adesivos “Fui…”;

  • Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da Hebe e ou ao Domingo Legal do Gugu; mulheres gritando histericamente são outro indício;

  • Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;

  • Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;

  • Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no Brasil, e...

  • Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal mínima.

Diga não às drogas!

A vida é bela! Eu sei que você consegue!